Câmara homenageia médicos pioneiros do município

por Gustavo Menegusso publicado 14/12/2023 17h15, última modificação 14/12/2023 17h15
Moção de Aplausos foi entregue a familiares do doutor Ayres Marinho Cerutti e do doutor Ennio Flôres de Andrade
Câmara homenageia médicos pioneiros do município

Moções de Aplausos foram entregues aos familiares dos médicos Ayres Cerutti e Ennio Flôres de Andrade (Fotos: Gustavo Menegusso)

Com os objetivos de valorizar o legado e os serviços prestados à comunidade na área da Saúde, o Poder Legislativo de Frederico Westphalen homenageou na Sessão Ordinária da terça-feira, 12, os médicos Ayres Marinho Cerutti (in memoriam) e Ennio Flôres de Andrade (in memoriam). O reconhecimento se deu por meio de uma Moção de Aplausos, de autoria do vereador, Antônio Luiz Pinheiro (MDB) e assinada pelos edis de todas as bancadas. “Considerando que foram médicos pioneiros em nossa comunidade e atendiam voluntariamente as pessoas mais necessitadas, pois na época não havia o Sistema Único de Saúde (SUS) e pela Previdência eram atendidos um número limitados de pacientes por dia e semana. Considerando esse importante serviço prestado, em grande parte de forma gratuita, a Câmara de Vereadores presta essa homenagem póstuma a eles por meio de seus familiares, como uma forma de gratidão”, destacou Pinheiro.

As Moções foram entregues à filha do doutor Ayres, Maickelli Dalla Vale Cerutti Rizzi e à filha do doutor Ennio, Maria Eucira Andrade.


Os homenageados

Ayres Marinho Cerutti

Natural de Seberi, nasceu em 31 de agosto de 1927. Formou-se em Medicina pela UFRGS, no ano de 1953, e logo iniciou a residência de Cirurgia Geral em Porto Alegre.

Realizou diversos cursos, especializações, seminários e congressos dentro da Medicina, em busca de aperfeiçoamento.

Após a especialização, retornou a Frederico Westphalen, onde trabalhou como médico na região por alguns anos e, posteriormente, por volta de 1973 fundou a Sociedade Hospital Beneficente Santo Antônio. Atuava, principalmente, como clínico e cirurgião geral até meados de 2013, quando, por vontade própria, e como descrito pelo próprio Dr. Ayres “no momento em que o curso da vida limitou meu vigor físico, assim como de muitos valorosos colaboradores que me acompanharam, vimo-nos obrigados a abdicar da luta e passar adiante a nossa bandeira”.

O prédio da casa de saúde, localizado no Centro da cidade, conta com uma área de aproximadamente mil metros quadrados e valor estimado, na época, de mais de R$ 2 milhões. Anos antes, o mesmo Dr. Ayres já havia destinado o terreno ao lado do hospital para a construção de uma Unidade Básica de Saúde, hoje chamada UBS Dr. Ayres Marinho Cerutti.

Em carta escrita, Ayres disse: “a medicina foi meu sacerdócio, dediquei minha vida ao estudo e ao exercício de minha profissão, sempre voltado a fazer o bem sem olhar a quem. Em busca de um mundo mais justo, sempre abracei os que me procuraram, necessitando minha mão ou meus conhecimentos. Tudo começou com meu pai, que doou um terreno para que ali construíssemos este sonho que se chamou Hospital Santo Antônio. O sonho foi compartilhado por inúmeras pessoas, do cidadão mais simples a pessoas ilustres de nossa história, os quais trouxeram, de forma anônima, sua contribuição, para que, de tijolo em tijolo o transformássemos em realidade. O Hospital Santo Antônio é fruto do amor, da bondade, da fraternidade e da união.

Quando finalmente abrimos as portas para nosso povo, o fizemos com o firme propósito de que aquela casa seria destinada ao exercício da medicina, ao atendimento a quem necessitasse e que a prioridade seriam sempre as pessoas, e a busca por recursos econômicos seriam sempre um meio e não um fim. E assim foi por décadas”.

Ayres nos deixou em 15 de outubro de 2016, mas seu legado ficará para sempre em nossa memória.

 

Ennio Flôres de Andrade

Natural de Santana do Livramento, nasceu em 15 de fevereiro de 1918. Cursou Medicina na Universidade Federal, em Porto Alegre e, logo após a conclusão do curso, 1944, escolheu a vila de Seberi para iniciar a profissão de médico. Foi casado com Alda Ligia Biancon, em 4 de setembro de 1946, com quem tive os filhos Vera Maria, Enio Roberto, Rosa Maria e Maria Elcira.

Trabalhando alguns meses em Seberi, recebeu o convite para mudar-se para a vila Barril. Aceitou o convite, desde que fosse construído um hospital. Assim, em 1947, iniciou a movimentação para a construção do Hospital Divina Providência (HDP), sendo que Ennio foi um dos sócios beneméritos. Deixou na entidade, ainda, um legado como diretor clinico e técnico por vários anos. Conceituado cirurgião da época, alcançou popularidade e respeito, atraindo pacientes de toda a região, projetando o HDP como referência.

Foi dele o 1º aparelho de Raio-X instalado no HDP. Na condição de médico e líder político intermediou com o secretário estadual da Saúde a abertura de um Posto de Saúde, conquistado em 1960, onde ele atendeu até 1985, quando se aposentou.

Na comunidade, participou de inúmeras gestões do Itapagé. Participou da fundação do Clube Comercial, posteriormente foi presidente do Clube Harmonia, era membro do Lions Clube. Foi um dos fundadores da Sociedade Aquática Barrilense e integrou o grupo que fundou a Fesau.

Destacou-se na vida política do município, iniciando sua participação na Comissão de Emancipação, tendo sido eleito presidente do grupo de trabalho. Posteriormente, foi eleito vice-prefeito nas duas gestões de João Muniz Reis, de 1955 a 1959 e também, na gestão de Arisoli Martellet, de 1960 a 1963. Após, foi vereador no município de 1964 a 1969. Em 1967, recebeu da Câmara de Vereadores o Título de Cidadão Frederiquense.

A diretoria do hospital, em reconhecimento ao profissional, denominou o Centro Cirúrgico do HDP de Dr. Ennio Flores de Andrade.

No livro “Painéis do Passado”, o Padre Vitor Battistella o descreveu como: “Mais cirurgião do que clínico, foi se impondo sempre mais no conceito popular e sua fama alastrou-se bem longe. Foi um homem que pertence ao passado e ao presente”.

Ao longo dos 73 anos, dos quais 47 foram dedicados à medicina, a população teve na pessoa do Dr. Ennio não apenas o médico competente, disponível e dedicado, mas, sobretudo um ser humano que soube dignificar a profissão.

Faleceu em 13 de setembro de 1991 e deixou um legado do qual reconhecemos até hoje.